Algas marinhas e bioplástico

Quando o primeiro plástico comerciável, foi criado em 1907 pelo químico belga e naturalizado americano Leo Baekeland, pouco se sabia ou se procurou saber sobre seus possíveis impactos ambientais. Afinal, as preocupações com o meio ambiente não eram algo relevante naquela época. Leve, durável e uma matéria-prima extremamente versátil, o plástico logo conquistou a indústria. Para se ter uma ideia, de 1950 quando o plástico passou a ser produzido em larga escala até idos de 2018, já haviam sido produzidos cerca 8,3 milhões de toneladas de plástico no mundo.

Os números assustam ainda mais se levarmos em conta que o plástico pode demorar cerca de 600 anos para se decompor, sendo assim, é possível que o primeiro plástico criado ainda esteja entre nós. Contudo, a crescente conscientização ambiental em relação ao impacto ambiental trazido pelos plásticos, tem levado pesquisadores a buscar soluções ambientalmente viáveis capazes de substituí-lo. Aqui entra o bioplástico e é disto que iremos falar neste post.

Afinal, o que é o Bioplástico?

Antes de chegarmos a um conceito do que seria o bioplástico é preciso definir o que é plástico. A palavra plástico tem origem no grego e quer dizer: “aquilo que pode ser moldado”, é criado a partir de resinas derivadas do petróleo, possuem pouca capacidade de degradação, além de ocupar muito espaço no ambiente, atrapalhando inclusive a compactação de lixo nos aterros sanitários.

Vale ressaltar também que cerca de um terço do plástico já produzido, polui não só a terra, mas também é fonte de poluição dos oceanos e tem se mostrado bastante prejudicial à vida aquática.

Pensando em uma forma de frear o uso do plástico, alguns pesquisadores desenvolveram o bioplástico. Ao contrário do que muitos imaginam, o bioplástico não tem apenas origem natural como as plantas ou outras fontes renováveis, mas também podem ser criados a partir de recursos não renováveis, como é o caso do petróleo, mas que se biodegradam. Ainda assim, o bioplástico em especial o biodegradável (capaz de se decompor na natureza), se apresenta com uma alternativa na diminuição da poluição, devido ao seu tempo de decomposição e forma de fabricação.

Conheça algumas vantagens do bioplástico em comparação ao plástico comum

  • Geram menos gases de efeito estufa, o que auxilia na manutenção da camada de ozônio
  • Sua produção pode reduzir o uso de plástico, diminuindo a quantidade de barris de petróleo da indústria plástica e também seus gastos de produção

O bioplástico pode ter várias origens, inclusive de bactérias, mas o criado a partir da biomassa vegetal é um dos mais conhecidos, seu insumo pode ser desde plantas, óleos e até mesmo algas marinhas.

Bioplásticos feitos a partir de algas

Algumas empresas como a Algix vêm se destacando na produção de insumos como a biomassa de algas. É bem verdade que as algas têm várias características capazes de ajudar o meio ambiente, uma delas é sua capacidade de despoluição, além disso, algas vermelhas como a Kappaphycus  alvarezii possuem propriedades naturais capazes de fazer bem à saúde. Desta forma, sua produção seria de interesse tanto para consumo como na criação da biomassa para plásticos sustentáveis.

O uso de algas para a confecção de bioplástico traria as seguintes vantagens:

  • Capacidade de biodegradação
  • Melhor custo benefício: Devido ao baixo custo de produção
  • Matéria-prima oriunda de uma fonte renovável
  • Não possui concorrência com terras aráveis
  • Por não necessitar de solo para sua produção não precisam de pesticidas,

o que evitaria a poluição do solo

Em 2019 a chilena Margarita Tale, cansada da alta quantidade de lixo não reciclável produzido a partir de embalagens, investiu seus estudos na criação de um plástico biodegradável criado a partir de algas vermelhas.

Na composição do bioplástico foi utilizado o ágar, substância gelatinosa encontrada na alga vermelha, esse importante ingrediente combinado a polímeros retirados de seringueiras, celulose entre outras fontes, foram capazes de criar um plástico sustentável capaz de se decompor em 2 a 3 meses na natureza.

O projeto deu tão certo que foi criada uma empresa neste segmento e que hoje produz diversos produtos a partir do plástico degradável como cartões, canudos e embalagens de alimentos.

Outra importante incentivadora da ideia de alga vermelha como solução de enfrentamento ao plástico é a berlinense Josefine Staats, ela que administra uma empresa de alimentos pretende transformar algas como a Kappaphycus alvarezii em uma alternativa sustentável.

Na Índia, uma recente pesquisa liderada por  Muthiyal Prabakaran Sudhakar, Dhassiah Magesh Peter e Gopal Dharani da Ocean Science and Technology for Islands, Marine Biotechnology da NIOT em que também foi utilizada a  Kappaphycus alvarezii mostrou bons resultados, como a criação de um filme bioplástico que possuí grande resistência a umidade e permeabilidade ao oxigênio, sendo ideal na fabricação de embalagens de produtos e sacolas.

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